sábado, 21 de dezembro de 2013

LARANJA SEMPRE TEM

      Não se iludam os de lá do Boqueirão que velaram seu estádio aos olhos exclusivos de seletos Periquitos, com o que há de mais puro na raça alvi-verde. Havia sim, sangue Catorzeano na tarde de hoje, na despedida do Wolmar Salton.
    Acima de tudo, apaixonados por futebol, nos mobilizamos eu e um amigo meu a presenciar a despedida do Wolmar Salton, conforme publicado pela imprensa durante a semana. Nós, torcedores incondicionais do rival do Gaúcho, estávamos com o pé atrás e logicamente não querendo que interpretassem a gente de maneira errada, não estávamos ali para estragar nada, estávamos ali porque era necessário, assim como o Gaúcho é necessário para o 14, o 14 é necessário ao Gaúcho, a rivalidade ninguém explica. Não sabíamos o que esperar, não sabíamos que tipo de evento era e nem como adrentaríamos a cancha sem sermos notados pelos periquitos que de alguma forma já foram vítimas de chacotas da nossa torcida.
     Chegamos lá em meio aos destroços da parte já destruída do Estádio e fomos retos sentar no lugar reservado para nós, é claro, a tribuna de visitantes. De cara, já fomos reconhecido por um conhecido que já trocamos alguns debates dentre cervejas e outras no Bar do Claudião. Respeitosamente sentamos e começamos - em silêncio - a reparar e refletir sobre tudo aquilo, realmente o sentimento de vazio é algo difícil de metabolizar. A gente se apega de forma singular a história, seja a história do teu rival. A angústia de não ter podido já como Barra copar o Estádio Wolmar Salton vai ser enterrada com a gente, isso motivou muito a gente estar presente neste evento, por mais contraditório que possa parecer.
     Era um evento pequeno, pouco estruturado, só a grama aparada, afinal, a bola ia rolar. Entrou quem quis em campo, ex-jogadores, torcedores, dirigentes enfim... só nós estávamos distanciados e em nenhum momento fomos interrompidos, como se todos eles soubessem que fosse necessário ter uma "ovelha negra".
     Interessante falar, um senhor puxou sua antiga carteirinha de sócio do Gaúcho, identificou qual era a sua cadeira e tirou uma foto dela, realmente muito lindo.
     Embora rivais, o respeito que carrego pela história quase centenária do Gaúcho é grandioso. Lamento muito por não poder mais ter o prazer de me sentir "no bairro do meu rival" nas proximidades do Wolmar, lamento muito por não poder ter levado a nossa Barra copar um clássico lá, lamento muito não ter nascido em 1940, 1950 para poder ter assistido, no início da história deste estádio, um esquadrão Vermelho e Branco, encarnado como o sangue, brilhar nesta linda cancha que para sempre estará na minha memória.

Adeus Estádio Wolmar Salton, tuas arquibancadas estarão na minha memória por toda minha vida.
Que venha a Arena, o nosso novo Salão de festas.
IN-FIL-TRA-DOS

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