quinta-feira, 29 de novembro de 2012
Saudoso serás tu, tal como todos os Quatorzeanos que por ti passaram e já não estão entre nós...
Vindo em direção do Estádio Vermelhão da Serra ao dobrar na curva da Avenida Presidente Vargas depois do Supermercado Zaffari, a cada quadra se encontra um boteco, uma bodega ou como na linguagem mais coloquial, um bar. Em dias de jogom vemos estes bares cheios. Tiozão e senhores de idade que ao meio de uma canastra e outra tomam litros e litros de cerveja numa procissão que vai de bar em bar em direção ao Monumental. Conversa daqui, joga dali, caminha mais um pouco, da umas risadas em outro bar onde encontrou o vizinho, fala mal do treinador com o dono do Bar, fuma um cigarro e segue a jornada até o estágio final, lá onde se encontram as cervejas mais estupidamente geladas: o Bar do Carlão, aquele mesmo que foi fundado coincidentemente em 1986 e até hoje é combustível para este povo Passofundense que tem no trago, uma cultura. É, não tem como negar, temos no alcool uma cultura. Ao afirmarmos que Cláudio Freitas e Felipe gol são nossos maiores ídolos, assinamos embaixo que somos um time boêmios, e realmente somos.
Mas bem, não era bem isso que eu queria abordar, embora queira fazer uma somente breve abordagem, por enquanto. Fato é que nas andanças de ajudar na reforma do clube fiquei sabendo que o glorioso "Portão do Inferno" será destruído. Sim, o sempre portão do Vermelhão da Serra irá abaixo, sumirá! Ta certo que minha tristeza é grande, mas não me surpreendeu de uma forma tão forte.
Era esperado que com essa elevação do time e a luta constante da direção em retornar a ser um clube significativo na divisão especial faz com que alguma ordens fossem seguidas. Não quero comentar sobre isso antes de ver toda a reforma pronta, e devo imaginar que pelo curto tempo que se tem não deve ser uma mudança tão grande. Mas só quero dar meu parecer quando eu ver tudo pronto. Aliás, a nova entrada será lá em cima depois da "Curva da DDP", haverá um tunel de acesso com catracas. Devo admitir que o local é bem mais estratégico e de fácil logística. É sabido que uma loja está financiando tal obra, com o intuito de ocupar a estrutura para destinar uma loja para si, espero que a direção não seja amadora e deixe escapar um espaço para uma loja do clube e um museu, que me proponho a organizar.
Aguardamos para ver...
sábado, 24 de novembro de 2012
A História Chora...
Não é tão comum que eu faça um
relato como hoje, mas acho que é válido. Com a notícia da venda do Estádio Wolmar
Salton, resolvi me despedir deste antológico lugar. Me despedir fisicamente,
afinal tenho lembranças vivas como os momentos em que passei lá, embora não
tenha sido muitos, foram marcantes. Vale a pena ressaltar o principal, o
conturbado 1 a 1 na Copa FGF de 2004, eu é claro, vestia quatorze ao lado do
meu pai, mas o local era aquele.
Eu realmente sou apaixonado pelas
coisas que me cativam, meu clube tricolor enraizado no coração da São
Cristovão, meu Opala Comodoro 1982, uma boa música e as pessoas que merecem tal
proeza, mas há uma paixão que outrora começou como “hobbie” e hoje já se
transformou numa paixão inexplicável.
Os estádios são lugares mágicos,
são lugares que afloram teu lado cultural e reacendem histórias, lendas, fatos
e tudo mais que faz arrepiar qualquer amante do futebol. Muito além do futebol,
os alicerces e toneladas de concreto que sustentam os pilares de um estádio,
sustentam uma história de vida, muito mais rica que uma história de vida
pessoal, pois se trata de uma vida de um povo. Era aí que eu gostaria de
chegar, afinal o que foi chamado de “O mais querido da cidade”, hoje amarga
públicos modestos e de quebra, amarga no estádio do seu rival, o grandioso 14
de Julho. Tem de conviver com o Vermelho lhe ofuscando e lhe secando 90 minutos
por semana e o tridente do Brasinha cutucando as bolas para o gol alvi-verde,
afinal o Vermelhão é o Passo Fundo, o Passo Fundo é o Vermelhão e o que as
pessoas ainda não entenderam é que, o Wolmar Salton é o Gaúcho e vice-versa. Na
camisa está cravada a história quase centenária do clube alvi-verde mas a
história do POVO periquito está cravada no coração do Boqueirão, que hoje dá
suas últimas pulsadas, como um idoso que foi a guerra e iria de novo, mas quis
o dinheiro que não o fosse.
É triste ver a “aculturação” que
sofremos hoje em Passo Fundo, é triste ver páginas e páginas de histórias se
minimizando dia-a-dia e sendo esquecidas, engavetadas por aí em fotos e relatos
de antigas pessoas que hoje estão se indo pouco a pouco, levando consigo o
desgosto do que uma cidade tão rica em história fez com sua cultura. Não é
preciso andar muito para vermos, há “aculturação” em tudo e ainda como se não
bastasse o descaso e o abandono, agora resolveram destruir o que resta. E tem
aqueles que ainda batem o pé, “ah mas o gaúcho ganhou terreno, tem que
construir um estádio novo, blablablablabla.”. É tão sem sentido, que se
pararmos para comentar, perderíamos tempo e ganharíamos horas de indignação.
Já pesquisei porque em 1986 o
Passo Fundo jogou no Wolmar Salton, nada muito concreto me veio, eu costumo
pensar que na época o Estádio Vermelhão da Serra ainda era “retirado” demais da
cidade, tendo em vista que o Bairro São Cristovão, embora seja o maior, não é
tão antigo quanto o Bairro Boqueirão, o que facilitaria para o povão que na
época não detinha de carros tão comumente. O Passo Fundo sempre foi do povão,
não era diferente nessa época. Fato é que foi lá que o clube ergue seu segundo
Título Estadual, conquistando a Série B de 1986, taça erguida por Darci Munique,
o Valderrama do Planalto. Não há vez que eu entre no Wolmar Salton que não
lembre disso e esta é a parte mais linda da história do Estádio pra mim, o que
é claro, é a pior para a torcida do
clube Alvi-Verde.
O futebol moderno é visível a
olho nu nos clubes de maior porte, a modernização dos estádios, o preço dos
ingressos, o descaso com o torcedor, a marra dos jogadores é tão escancarado
que agora, alimentado pela mídia, o futebol moderno passou a ser a melhor coisa
do mundo, todos esperam ansiosamente a Copa do Mundo e não vêem seus times
enterrando a história do clube, a cultura e tudo mais. Embora achem que não, no
futebol alternativo também o futebol moderno faz suas vítimas, o futebol
moderno persiste diariamente em bater a porta do Vermelhão da Serra mas sempre
haverá algum ‘louco’ lá para impedir, protestar, fazer vista grossa e não
deixar que a cultura morra. Afinal tomar uma gelada no Bar do Carlão antes do
jogo, comer um churros do Tiozão, comer um pastel da Copa, um amendoim do “assovio”.
E o que falar de “DÁ UMA DAQUELAS!”, bem, acho melhor pararmos por aí(hehe).
Fato é que a cultura persiste no Bairro São Cristovão, foi resgatada do
abandono pela Torcida Organizada do clube desde 2007, foi resgatada também com
os jogadores que honraram nossa camisa, principalmente neste ano, e a história
vem sendo resgatada porque tem alguém lutando por ela. Se os periquitos estão em extinção, não sei,
mas que eles não defenderam de forma alguma seu ninho, não posso deixar de
ressaltar e lamentar. Adoraria ver mais um gaPAS no Wolmar Salton, mostrar que
cantamos mais alto, mostrar que temos mais amor, mostrar que temos mais alento,
mostrar que hoje somos muito mais mas acima de tudo mostrar dentro de campo que
a nossa cultura de atacante matador bêbado sempre foi muito mais que a cultura
do caneleiro e soberbo que pairou outrora no Bairro Boqueirão.
Salve o Estádio Wolmar Salton. Salve o Futebol. Não ao futebol moderno.
Salve o Estádio Wolmar Salton. Salve o Futebol. Não ao futebol moderno.
Salve o 14 de Julho, o maior
clube da cidade, Salve o Estádio Vermelhão da Serra, enquanto eu tiver vivo, lá será o estádio do
meu amado clube.
Agradecimento ao Luciano Bernarth, que tirou a fotografia.
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Para iniciar, um pouco de tudo...
Bem, antes de tudo quero lhes apresentar meu novo blog. Não pretendo deixá-lo luxuoso e nem seguir os padrões de blogs tradicionais, até porque meu blog tem objetivo pessoas alternativas de inúmeras maneiras mas que concordam diretamente que a modernização do futebol tem trazido sérios problemas, talvez irreversíveis, dentro das canchas mundo a fora.
Como se não bastasse ser uma história com pouquissimas fontes, e pouco seguras, a história do clube começa a ser difícil de entender pelo fato de que, na minha opnião, se deve aceitar que o Esporte Clube Passo Fundo nada mais é que o 'Grêmio Esportivo e Recreativo 14 de Julho de Passo Fundo' com outro nome e com uma cor adicionada, a pior, diga-se de passagem.
Bem, para entender melhor de maneira mais fácil vou explicar resumidamente, já que meu próximo post deve ser voltado para a história do Passo Fundo na minha opnião e mais aprofundada: em 1921 funda-se em Passo Fundo o GER 14 de Julho, situado em alguns diversos lugares até se instalar definitivamente no local onde hoje é a rodoviária municipal e ficar lá até 1969, na saudosa “Baixada Rubra”, um lugar que eu faria de tudo para ter conhecido, quando 4 anos depois de ter anunciado a construção de um Gigante num novo Bairro que estava a surgir na cidade, um pouco mais afastado(Vide Foto), onde se situa até hoje o Estádio Monumental Vermelhão Da Serra. O 14 de Julho foi o rival do SC Gaúcho até o ano de 1985, ano pelo qual os dois clubes passam por uma crise devastadora e se tem a infeliz idéia de se unir para disputar a Série B do Gaúchão em 1986 como “Esporte Clube Passo Fundo”, campeonato pelo qual o clube conquistou o título e o acesso para a Série A. Acredito que divergências deviam ser bastante acintosas dentro desta direção, tanto que, em 1987 o clube do Boqueirão resolve se afastar, sobrando somente os dirigentes do 14 de Julho e as novas caras que por lá rondavam, porém, se voltasse a se chamar 14 de Julho, o clube perderia a chance de disputar em 1987 a primeira divisão do estadual, fato que motivou que se mantivesse o nome, que se mantém até hoje. Prova disso, foi que anos depois se retirou a cor verde, voltando o clube a ser alvirubro, e o seu Brasão foi adaptado para que se parecesse mais com o símbolo do 14 de Julho. Isso tudo foi lamentável para a história do clube, que perdeu caracterização e cultura com isso, fato que já vem sido recuperado, motivado principalmente pela DDP, com o projeto de restaurar a história do clube, desde 2005.
A medida que crescemos com este projeto de revitalização da real história do clube, nosso co-irmão desce, se afunda em processos e dívidas intermináveis que não resolvem e não resolverão nada, pois no fim, o estádio que ostentou a glória de ser Campeão Gaúcho da Série B pelo Passo Fundo vai abaixo, o que me deixa preocupado. Pois acima de tudo sou um amante do futebol alternativo, e ver uma cancha que está lá desde os anos 50 ir abaixo será uma dor muito grande, mas não é assunto para se tratar dentro de um blog que se espera repercussão de torcedores Quatorzeanos. O grande problema está em vermos Periquitos usando o Monumental, é bastante constrangedor para a gente ter de ceder, seja lá por quanto, nosso estádio ao nosso rival, isso porque é nele em que está enraizado toda nossa essência. Na minha opnião o Vermelhão da Serra nada mais é que o 14 de Julho em matéria pura, cada pedaço de Estádio é o 14 de Julho, é a nossa história encravada num barranco, tudo está lá, as cores, a camisa, o brasão, os torcedores que já se foram, os eternos jogadores e todos que suavam sangue pelo saudoso 14 de Julho, está tudo ali em forma de concreto puro. e que dá suporte para seu sucessor, que é cria do mesmo berço, da mesma gente e com o mesmo ideal.
Um fato importante e que foi perdido na história do nosso clube é que o clube é o time de operários, para quem não está muito por dentro, antigamente, quando os clubes estavam sendo fundados eles eram basicamente divididos politicamente, quase sempre começava-se com o time dos magnatas, aqueles que tinham dinheiro para tudo pois os próprios jogadores eram empresários, comerciários e etc, na nossa cidade este clube é representado pelo SC Gaúcho, alguns outros clubes como o ‘Cruzeiro’ (1931) que era o time dos Brigadianos, o ‘Riograndense’ era o time dos Ferroviários e foi fundado em 1925, durante muitos anos só funcionários Ferroviários jogavam no time. E por fim, o tipo de clube que costuma ser com as históriuas mais lindas, o time dos Operários, o time dos Estudantes, dos Trabalhadores, este na nossa cidade começou se chamando 14 de Julho e hoje Esporte Clube Passo Fundo e nada disso é atoa ou não tem importância dentro da nossa história, pelo contrário, isso faz ser o que somos até hoje, somos o reflexo disso.
Ao analisar o livro “Os donos da Bola” de Lucas Scherer (Diga-se de passagem um dos únicos periquitos gente boa que conheço) foi onde tirei muita coisa para criar uma opnião sobre a história do meu clube, mas um trecho do livro me chamou muito atenção e que explica muita coisa: Ao falar do Campeonato Citadino de 1926, cita-se um QuaGa lendário, isso não só porque traz uma vitória do 14 de Julho no estádio do Rival por 3 a 2 mas pelo comentário da mesma:
“O jogo foi uma grande confusão. A
cada gol do 14 de Julho, a torcida entrava em campo e começava a festa (e,
obviamente, a briga com jogadores e torcedores do Gaúcho). Muitas pessoas
sacaram armas e os soldados da Brigada Militar tiveram que conter a multidão
com espadas! O primeiro tempo encerrou depois de aproximadamente duas horas e
dez minutos. Alegando não suportar a pressão, o árbitro Jorge Lobo foi
substituído por Maurício Langaro.”
Bem, depois de ler isso nunca me
restou dúvidas de que tipo de gente somos, e acredite, não somos tão poucos e
nem pouco loucos. Quero tratar de muitos assuntos relacionado a história
(Passado e Presente) do futebol de Passo Fundo, por isso peço que para quem
curtiu minha primeira postagem que ajude divulgando no FaceBook e comentando
aqui.
Boa semana a todos.
Boa semana a todos.
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